24 Horas de Le Mans de 1953: a noite de glória dos freios a disco

No mês passado o circuito de La Sarthe hospedou as 24 Horas de Le Mans pela 78ª vez. Há 57 anos a Jaguar mostrou a todos os presentes como parar um carro de corrida... pilotado por um bêbado!

O Jaguar C-Type foi devastador. Enquanto Le Mans, Jaguar e devastação são palavras indissociáveis quando se fala sobre a corrida de 1955 - onde uma manobra esquisita de Mike Hawthorn na borda do pitlane causou uma reação em cadeia que deixou quase cem mortos - dois anos antes a equipe manteve um domínio total na pista, na forma do Jaguar C-Type, um monstro de corridas.

O C-Type era uma evolução do XK120, que havia vencido em 1951, mas a curva evolutiva foi bastante íngreme. Feito de painéis de alumínio mais leves e mais finos, com tanque de combustível de borracha, ele era equipado com três carburadores Webbers com duplo afogador, mas a verdadeira inovação estava escondida: freios a disco nas quatro rodas.

Foi uma tecnologia radical na época e, mesmo que Le Mans fosse mais sobre a velocidade em retas que qualquer outra coisa, os resultados fizeram o C-Type imbatível. Ainda que o homem que pilotou o carro fosse um pouco inapto para corridas, como relembra James May no Top Gear:

Depois de Duncan Hamilton e Tony Rolt, os C-Types chegaram em segundo, quarto e nono. O desempenho da dupla vencedora estabeleceu alguns recordes:

- a primeira vitória com velocidade média superior a 160 km/h (169,5)

- a primeira vitória com mais de 4000 quilômetros rodados (4088,064)

- a primeira vitória com mais de 300 voltas completadas (304)

Só para colocar estes números em um contexto, a distância total percorrida seria suficiente para vencer a prova em 1995. Vi um C-Type à toda velocidade no Festival de Goodwood do ano passado. É fabuloso, deslizante, baixo e veloz. E o barulho o faz assustador.

Alguém pode achar que os grandes roncos de carros de corrida saem de V8 e V12, mas o seis-em-linha de 3,4 litros da Jaguar são mais que suficientes, mesmo depois de 56 anos.

E só para lembrar: esses carros podiam ser usados normalmente nas ruas.









Abraços