Comparativo CLS 350 x Audi A6

Dois sedãs que parecem cupês, lançados com apenas alguns meses de diferença, acabaram se encontrando nesse comparativo. O Mercedes-Benz CLS nasceu primeiro, em março de 2004, e recebeu retoques visuais, entre outras novidades que serviram de motivo para esse encontro. E o Audi A6, com perfil mais esportivo, existe no Brasil desde setembro do mesmo ano e aqui se apresenta com motor V6 3.2 com injeção direta de combustível para enfrentar o rival conterrâneo. No quesito preço, o CLS leva vantagem. Custa R$ 310.000, ante R$ 348.200 do A6. Apesar do apelo da novidade, o Audi é mais interessante por oferecer alguns recursos extras, como câmbio CVT e câmera que ajuda nas manobras e no sistema que avisa a presença de veículos em pontos cegos.

É difícil perceber, mas o CLS está com visual renovado. A grade tem duas lâminas e tela do tipo colméia. Os retrovisores externos estão com área 32% maior e suas carcaças receberam piscas acesos por LEDs, que formam o desenho de uma seta. Atrás, as saídas de escapamento passaram a ser trapezoidais e as lanternas traseiras aposentaram de vez as lâmpadas e também usam leds. Por fora, são essas as novidades desse que foi o precursor, em março de 2004, da idéia de alegrar os sedãs com uma pitada de esportividade dos cupês. No interior, as boas novas ficam por conta apenas do volante de três raios, que agora leva duas hastes maiores para trocar marchas no lugar das quatro menores anteriormente. Além disso, o sistema de som tem disco rígido de 4 Gb e entrada para cartão SD, capaz de armazenar horas de música. E tudo pode ser controlado pela tela de 6,5 polegadas no painel ou por comando de voz. É isso mesmo: você manda, ele obedece.

No ranking de potência, esse Mercedes vence o Audi, com seus 272 cavalos extraídos de 3,5 litros de cilindrada, ante os 259 cv do motor V6 3.2 do concorrente. Com as novas hastes atrás do volante, ficou mais fácil aproveitar toda essa disposição. Além disso, com sete marchas, os degraus entre uma marcha e outra são menores, garanteindo uma aceleração mais uniforme, sem trancos. Outra vantagem é o menor nível de ruído quando o que importa é manter o conforto, já que a relação da sétima marcha mais longa faz com que o motor fique em rotação mais baixa. Mas isso não é suficiente para vencer as vantagens do câmbio CVT do Audi, que também tem sete marchas (virtuais, pois não há engrenagens) e realiza trocas sem nenhum tranco e acelera em rotação praticamente estável.

Pisando fundo no acelerador do CLS você logo vai notar que o apelo esportivo do carro não é meramente estético. Até a suspensão recebeu uma calibração um pouco mais voltada para uma condução mais arrojada e nem tanto para o conforto. Quem gosta de ter sempre tudo sob controle não vai gostar muito de as marchas serem trocadas automaticamente no limite de rotação, mesmo no modo manual. Além disso, comandar as trocas pela alavanca no console é pouco recomendável, porque exige movê-la de um lado para o outro, quando o ideal seria para frente e para trás. O ronco do V6 empolga e o controle de estabilidade está sempre ali para corrigir eventuais derrapagens, o que é percebido pelo sinal advertência que pisca no painel. Conforme a fabricante, o CLS 350 acelera de 0 a 100 km/h em 6,7 segundos e atinge 250 km/h, velocidade limitada eletronicamente.

O sedã da marca alemã sediada em Ingolstadt recebeu opção de câmbio seqüencial de sete marchas no mercado europeu, além de LEDs no lugar de lâmpadas nas lanternas e nos faróis. Mas essas novidades devem levar quase um ano para chegar ao Brasil, segundo a assessoria de imprensa da marca. Apesar de mais caro (R$ 348.500), o A6 vem com uma boa lista de equipamentos, alguns deles sofisticados, como uma câmera na traseira que ajuda nas manobras ao captar imagens do que acontece atrás do pára-choque traseiro e ainda com linhas virtuais que traçam a trajetória ideal para entrar em uma vaga de estacionamento. Outro recurso alerta sobre a presença de veículos nos chamados pontos cegos, muito útil quando há motoqueiros passando entre os carros. Em contraste com tanta sofisticação, falta algo simples: algum dispositivo que abra o tanque dentro do carro.

Aquela instrumentação do Mercedes, com fundo branco e mostradores digitais, contrasta com a do Audi, de estilo mais simples. Mas não se engane. Logo você vai perceber que, por outros detalhes, o A6 se mostra mais sofisticado que o rival. Quer um exemplo? O freio de estacionamento é eletrônico. Um pequeno botão no console central está no lugar da conhecida alavanca ou do pedalzinho, no caso do CLS. Além da facilidade na sua utilização, ainda funciona com mais eficiência. E o ar-condicionado tem regulagem de meio em meio grau no Audi, ao contrário do Mercedes, que contra-ataca com o sistema de som com HD. Essa é a única carta que o CLS tem na manga para competir com o A6, que tem as partes estrutural e mecânica mais sofisticadas.

Na hora de acelerar, a diferença é que o A6 vem com câmbio multitronic CVT - com relações de marcha continuamente variáveis -, que dispensa engrenagens e funciona com duas polias e uma correia metálica de alta resistência que desliza sobre elas, como se estivesse em uma bicicleta. O resultado, na prática, é que o ponteiro do conta-giros fica quase parado nas acelerações enquanto o carro ganha velocidade, o que significa mais agilidade e conforto por não haver trancos entre as trocas de marcha, além de um consumo de combustível ligeiramente mais comedido. Apesar da menor cilindrada e de ter menos potência, o A6 vai de 0 a 100 km/h em 7 segundos, quase no mesmo tempo do CLS, de acordo com os números das fabricantes. Por causa do acordo entre as marcas alemãs, o Audi atinge os mesmos 250 km/h do Mercedes-Benz.