Volta rápida na SL500 - Car and Driver

O Museo Automovilístico é uma das atrações para os turistas ingleses (e, claro, japoneses) em férias na cidade de Málaga, sul da Espanha. O dono, um português apaixonado por carros, expõe uma coleção que chama a atenção por grandes nomes como o Rolls-Royce 1921, o Austin Seven 1930 e o Hispano-Suiza 1920. Do lado de fora do casarão espanhol, onde antigamente funcionava uma fábrica de tabacos, uma frota de conversíveis, no entanto, chama mais atenção do que as preciosidades guardadas no museu. O novo Mercedes-Benz SL é um carro para quem quer, pode – e gosta de – aparecer.

Saímos com a sexta geração do SL pelas ruas da cidade espanhola. E não estávamos sozinhos. Olhares curiosos nos acompanhavam a cada curva, seguindo os movimentos da flecha prateada como um paparazzo atrás dos famosos que frequentam a região no verão. O que os curiosos não enxergaram é que a Mercedes nunca levou a sigla SL tão ao pé da letra como agora. SL vem do alemão Sport Leicht (ou esportivo leve) e o novo carro está até 140 kg mais leve que o antecessor na versão SL 350: na balança, pesa 1.686 kg. Na versão avaliada, a SL 500, a redução de peso em comparação à anterior foi de 125 kg (total de 1.785 kg). Para chegar a isso, 90% do chassi do carro é de alumínio. Aço, só em 8% da carroceria (entenda-se: o arco do para-brisa). Os 2% restantes, formados pela estrutura da capota, são de magnésio.

Mas de que vale estar em dia com a balança, ter charme e a disposição de um anêmico? Não foi desta vez que pudemos avaliar a versão AMG, a mais poderosa, do novo SL. Mas dirigimos a 500, de 453 cv em trechos de estrada. E ela provou que tem disposição. O motor V8 4.7 biturbo tem 0.8 litro a menos de capacidade que o anterior, mas é 12% mais forte e até 30% mais econômico, de acordo com a marca. O motor ainda ganhou praticamente um Fiat Palio 1.6 (16,8 mkgf) de torque, saltando de 54 mkgf para 71,3 mkgf.

Dias antes da avaliação, a Suíça nos recebia com uma temperatura de -1,5°. Definitivamente, não era o clima para rodar de conversível. No sul da Espanha, à agradável temperatura de 13°, deu para abrir o teto do SL sem o risco de congelar os cabelos. A ação leva menos de 20 s, mas só é permitida com o carro completamente parado. Razões de segurança, diz a Mercedes.

O biturbo tem a força: o ponteiro do conta-giros sobe mais rápido que o preço da gasolina em greve de caminhoneiro e, gerenciado pelo câmbio 7G-Tronic Plus, com trocas manuais por meio de borboletas, precisa de 4,6 s para engolir a casa dos 100 km/h. Dinamicamente, o carro é sob controle absoluto. Nas estradas sinuosas, foi preciso apertar com força o volante de couro macio, pois o SL tem energia de sobra, engole curvas sem fazer careta e esmaga suas costelas contra os apoios do banco sem piedade. Rapidamente a bela paisagem desértica se transforma em borrões de fazer inveja a Picasso, um dos filhos famosos da cidade.

Quando não está comprimindo as costelas do motorista, o Mercedes SL é um carro amigável e comportado para o dia a dia. Um botão no console central dá acesso ao sistema AdaptativeDamping System (ADS), que ajusta a suspensão em dois modos: Comfort e Sport. Mesmo no modo mais suave, a suspensão é firme. Junte isso aos pneus de perfil baixo, que acusam as poucas irregularidades do asfalto espanhol, e fica difícil não imaginar como será sofrível rodar com o carro pelas nossas estradas brasileiras. É o preço além da cifra que se paga em ter um esportivo por aqui.

O Mercedes-Benz SL é a sexta evolução de um dos grandes ícones da história automotiva, o 300 SL (veja abaixo a evolução da espécie). Não é apenas um carro para reunir o que há de melhor em tecnologia e entretenimento, mas para lançar tendência. O excelente som Frontbass, desenvolvido pela MB em parceria com a Harman Kardon, é uma das inovações. Consiste na instalação das caixas de som graves no assoalho, na altura dos pés do motorista e do carona. Outra novidade é o sistema Magic Vision, que integra o lavador de para-brisa às palhetas dos braços do limpador – uma solução tão simples quanto genial: além de ser mais eficiente, evita que os borrifos de água dos lavadores convencionais invadam o interior do carro quando se roda com a capota arriada.

Na Europa o novo SL está à venda por 117.096 euros. No Brasil deve custar cerca de US$ 330 mil. É um belo dinheiro para um roadster dois lugares – mas, caso você tenha a quantia e queira se divertir e ser visto...