A Merce dos Mercedes

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Mensagem por Bremen Ter 22 Jun 2010 - 20:38



Confrades, vejam que interessante matéria saiu no Portal Maxicar (http://www.maxicar.com.br/old/reporter/55873amercedosmercedes.asp

À merce dos Mercedes

Alberto de Oliveira, professor português aposentado, tem uma paixão: modelos antigos da Mercedes-Benz. Fabrica-os em escala, com todos os pormenores, seguindo os planos que lhe são enviados pelo próprio construtor alemão. O resultado são miniaturas perfeitas.

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Chama-se Alberto de Oliveira, aposentou-se depois de dar aulas no ensino particular durante 38 anos e é um germanófilo assumido, um dos melhores amigos do senhor Benz. O amor de Alberto de Oliveira pelos carros alemães vai ao ponto de passar 1500 horas com um Mercedes, enfiado na pequena oficina na casa do Areeiro, em Portugal.

Era pequeno e gostava de brincar com carrinhos de metal, daqueles que havia antigamente, só que os achava sem gosto, demasiado toscos, pouco representativos dos originais que circulavam pelas ruas de Lisboa. Com a idade e muito jeitinho, o pequeno Alberto começou, então, a “introduzir” modificações nas miniaturas. De início, trabalho de pincel e mudança de cor. Mais tarde, uns efeitos especiais sobre as formas e os carrinhos de Alberto de Oliveira eram os mais bacanas do bairro.
Encerrada esta primeira fase, considerada de retoques, a arte e o engenho evoluíram: Alberto perguntou-se porque não se lançava na construção dos seus próprios brinquedos. Num pedaço de madeira esculpiu o seu primeiro modelo sólido, um Fiat 1500 de 1935.

Com muito labor de lixa, formão e lima, outros carros foram nascendo das mãos do jovem Alberto de Oliveira à medida do tempo e da paixão pelas formas dos estilistas de então. Só anos mais tarde tomou a iniciativa de construir uma miniatura oca, isto é, com formas interiores e exteriores. A honra coube ao célebre Renault Joaninha, que ainda brilha no armário da “sala automobilística” do seu criador. A carroçaria tem a forma exata do automóvel. Os frisos foram minuciosamente reproduzidos com a ajuda de um pincelzinho e hoje, passados tantos anos, Alberto Oliveira distancia-se e admira os olhos que lhe permitiram uma pintura tão precisa. “Prendia o fôlego para pintar cada linha. Já viu como é difícil traçar uma linha reta sobre um volume curvo?”. Não é difícil; é milagre!

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Mal sabiam Daimler e Benz, em 1886, que esta “joaninha” da concorrência seria a mãe dos mais belos modelos de Mercedes. Mas foi. As poucos, a técnica apurou-se e, fotografia daqui, memória dali, os gloriosos Mercedes de antes e o pós-Guerra foram nascendo, na oficina do professor.

Alberto de Oliveira dirigia, então, dois colégios, gerindo igualmente uma policlínica. Trabalho não lhe faltava.
— Aproveitava cada minuto livre para os carrinhos porque era um “hobby” muito agradável e extremamente relaxante. Quando estou trabalhando num carro até me esqueço de comer. — explica frisando que era um “hobby”.


O artista e parte de sua coleção
Hoje é um vício que o leva a pensar constantemente em materiais novos para compor as suas miniaturas, a andar olhando para o chão para ver se encontra um fio de telefone para compor um friso de um estofo, percorrer a Feira da Ladra para adquirir válvulas de rádio que quebrará só para extrair uma rede fina metálica igualzinha à dianteira de um Mercedes. A própria mulher de Alberto de Oliveira, também professora aposentada, colabora esporadicamente na recolha de “peças” e quando vai ás compras, a sua vista muito apurada detecta nas falhas da calçada, aqui e ali, um pedaço de qualquer coisa, que recolhe e oferece ao marido: “Vê lá se isto te serve para os teus carrinhos”.
— Um dia senti a necessidade de trabalhar com outra consciência — conta o professor, que queria ser o mais fiel possível aos desenhos das máquinas.
— Escrevi então para a Alemanha, para a Mercedes-Benz e disse-lhes que era um amante da marca e que precisava de dados.

Os alemães ficaram encantados. A carta de Alberto de Oliveira era redigida em francês e a resposta veio num português corretíssimo, acompanhando fotocópias dos planos originais dos modelos e vasta documentação fotográfica. A única condição era o posterior envio para a Alemanha de retratos dos carrinhos na escala de um por oito. Ah, e que os projetos não fossem entregues a terceiros.



A relação direta com o construtor alemão facilitou incomensuravelmente a vida de Alberto de Oliveira, permitindo-lhe fazer Mercedes-Benz em escala com a máxima fidelidade, inteirar-se da história dos modelos e descobrir até pequenos pormenores que passavam despercebidos à casa-mãe. Este último aspecto tem por exemplo o caso do Mercedes 540K Roadster, que Alberto de Oliveira construiu segundo os traçados originais fornecidos pela Benz. Analisados os planos, comparadas as medidas, sobravam centímetros. O professor escreveu para a Alemanha a dar conta do “gato” e a Mercedes pediu desculpas: tinham lhe enviado os planos do Roadster, sim, mas de um exemplar único construído para um xeque árabe, que possuía um compartimento superior para permitir a instalação de um depósito sobre o estribo, destinado a água, (ou uísque). Espantados estavam os germanos com a meticulosidade de Oliveira na análise dos modelos. A explicação é evidentemente: amor à causa.

À escala de um por um, Alberto de Oliveira sempre dirigiu BMW. O gosto pelos Mercedes-Benz fica pela miniatura, mas brilham-lhe os olhos quando se fala dos modelos que mais aprecia.
— Os carros dos anos de ouro é que são individuais, desenhados pela beleza. Modelos atuais não me dão prazer, porque basta pegar um pedaço de madeira, rebaixar a frente e elevar a traseira e os carros ficam todos quase iguais. — lamenta.

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Depois passa à apresentação dos seus “filhos”, belos de tirar a respiração, sublinhando no 540 k de 1936, a existência de um compressor (“E ainda dizem que agora é que há o turbo!”), no 320 de 1937 com forro a veludo (“Um material muito difícil de trabalhar porque se esfarela todo”), mas, com entusiasmo superior, elogia é os cromados que reproduz amorosamente em latão polido e banhado em cromo: “Já viu coisa mais bonita? E não são cromados à americana. É uma elegância!”

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Alberto de Oliveira hoje, aos 85 anos
O carro de Hitler, por exemplo, um Grossen Mercedes Cabiolet F, em que o chefe nazi passeava com mais sete ou oito acólitos. Uma elegância, que Alberto de Oliveira fabricou para um cliente inglês.
— Em Portugal tenho alguns clientes, mas o meu objetivo não é o negocio. — afirma o professor. Do exterior vêm encomendas mais volumosas, até porque “lá fora o modelismo está mais desenvolvido”, até na possibilidade de obter materiais de fabricação.

Os pneus são o maior quebra-cabeças do homem dos Mercedes. É que não existem para a dimensão dos carros que executa. Levou tempos para conseguir calçar um lindo 300S, de 1954 – o modelo que dotou, inclusive, de um telefone Telefunken, de teclas, como o original possuía. Depois, teve que fabricar com alfinetes os raios das rodas, imaginar como é que os pontos de costura dos estofados pode ficar à escala se não há máquinas de costura miniaturais e usar pasta de dentes para polir o plexiglass dos faróis.



Nota do Portal Maxicar: Atualmente o Sr. Alberto de Oliveira está com 85 anos e tem manifestado interesse em vender sua coleção Mercedes Benz a um museu no qual o acervo possa ser exposto e conservado condignamente. Contatos com seu filho, Paulo de Oliveira, através do e-mail [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

Adaptado a partir de artigo de Antonio Costa, publicado na Revista do Expresso – Portugal.
Fotos: Paulo de Oliveira
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Mensagem por António Júlio Ter 22 Jun 2010 - 21:11



Bremen essa materia é muito boa alem dos carros ficarem uma verdadeira obra de arte mas acho q já foi repetida a poucos dias...o Mestre Maluhy postou a mesma materia, abraço.
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Mensagem por gilberto/sp Ter 22 Jun 2010 - 22:21



Incrivel! Realmente um artista!
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