TESTE: SLS AMG

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Nice/França - A proposta era, no mínimo, irrecusável. O convite da Mercedes-Benz era para conduzir o SLS AMG, o novo “asas de gaivota” , visto entre outras particularidades, como uma reinterpretação do original “Gullwing” de 1954. O
evento começaria nos arredores de Nice, na França, e tinha como ponto
alto três volta no circuitos de Paul Richard.



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Na Riviera francesa,
superesportivo usa e abusa de seu poderoso V8 de 571 cv



VERDADEIRO ASSOMBRO

Bem desenhado, musculoso e ousado. Muito ousado mesmo. Apresentado no
Salão de Frankfurt do ano passado, o novo “asas de gaivota”
da Mercedes é, no plano meramente estilístico, um verdadeiro assombro.
No bom sentido, entenda-se. O encanto especial que ele produz não deixa
ninguém indiferente. Ninguém mesmo.

O excelente trabalho feito pelos designers inclui citações de varias
características comuns ao original “gullwing” . A mais
evidente reside, é claro, na exótica abertura das portas, que permite
acesso ao interior do veículo de forma “sui generis” .
Já o design das lanternas traseiras lembra as do SLR, modelo que deixou
de ser produzido em julho do ano passado – as 75 unidades da versão
Stirling Moss foram as últimas.

A grade retangular do motor, as proporções vincadas da carroceria, as
enormes rodas de seis raios na cor titânio, os “piscas”
nos retrovisores, as duas saídas de escape ovais, os faróis com leds e
as caixas das rodas dianteiras seduzem seja qual for a perspectiva.

Nem a sigla 6.3 aplicada na lateral foi esquecida. Este superesportivo
é, de fato, um prazer de ser visto. Das nove cores disponíveis para a
carroceria, destacamos a nova “prata alubeam” , que
custa 12 mil euros, o equivalente a R$ 28 mil: ela brilha como material
líquido e é sensível aos reflexos de a luz.

Passada a fase de contemplação estética, entra-se no habitáculo. O
acesso não é difícil, mas obriga a um movimento de corpo não habitual
para um automóvel produzido em série. O puxador fica na zona mais baixa
da porta, desaparecendo no seu interior assim que se tranca o veículo.
Para fechar a porta, é preciso esticar o braço até bem acima e levantar o
corpo do assento. Qualidade, espaço e botões não faltam.
Tal como no exterior, o ambiente interior é 100% esportivo, mas sem
exageros. As formas do painel seguem a mesma orientação adotada na
elaboração dos detalhes da carroceria.

Saídas de ventilação e o punho da alavanca de câmbio se assemelham aos
usados na aviação. O painel de instrumentos dispõe de um fundo prateado.
O volante tem três raios e base plana – como nos carros de corrida – e
encanta pela dupla regulagem que oferece e pela ótima pegada que
proporciona. O banco garante um bom suporte lateral.

Os comandos estão distribuídos de forma ergonômica. A boa visibilidade
deve-se, também, aos retrovisores. O porta-malas é que não é muito
amplo, possui apenas 176 litros de capacidade. Os detalhes em couro,
disponíveis em várias cores, asseguram o requinte indispensável em um
superesportivo de elevado calibre. Para quem preferir há a opção de
frisos internos em carbono. Ao custo de 4.620 euros, o equivalente a
R$ 11 mil.

Apesar do elevado nível de itens de série, o futuro proprietário ainda
tem mais opções: sistema de comando multimídia APS; media interface;
sistema de som Bang&Olufsen Beosong; câmera de marcha ré; pack de
memórias e equipamento para telefone celular.

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ENTRE O SAGRADO E O PROFANO

Sem mais demoras, aperta-se o botão
vermelho para ligar o motor V8. Como sempre acontece quando se conduz um
superesportivo de tração traseira com algumas centenas de cavalos,
ainda mais na Riviera francesa, num domingo de manhã, os primeiros
quilômetros foram para sentir o pulso deste autêntico predador do
asfalto. Os limites de velocidade impostos na região e o número de
ciclistas que circulavam na zona justificavam a limitação. Ainda assim, a
primeira parte do percurso permitiu concluir que, mesmo equipado com
suspensão rígida e rodas enormes, o SLS mantém o conforto, estando
perfeitamente adaptado a uma utilização no dia-a-dia.

Já a direção, essa dispõe de assistência correta e permite perfeito
controle do carro em uma curva. Os freios agradam pela eficácia e pela
sensibilidade que oferecem no pedal. As mudanças de marcha podem ser
feitas através de borboletas no volante.

A segunda parte do trajeto definido pela Mercedes inclui vários
quilômetros de auto-estradas. Os limites de velocidade não facilitavam,
mas a existência de pouco trânsito, e o fato de estar a bordo de um
carro com 571 cv à disposição foram os principais responsáveis pelo
comportamento “animalesco” que toma conta do
motorista.

As performances são, no mínimo, explosivas. Bastaram alguns segundos
para circular bem acima dos 240 km/h. O som proveniente do motor V8
atmosférico é simplesmente um encanto. Os pneus largos, o baixo centro
de gravidade, a carroceria larga e a distribuição de peso favorável –
47% para a frente e 53% para a traseira -, contribuem para a elevada
estabilidade do novo “asa de gaivota” .

Acima dos 120 km/h ergue-se um defletor na tampa da mala, que garante
maior "downforce" sobre o eixo traseiro – pode ser
erguido abaixo dessa velocidade através de um botão existente no console
central. A ajuda dos dispositivos eletrônicos aumenta a confiança. A
caixa de marchas é inteligente e rápida na forma como interpreta as
solicitações do condutor.

Ao chegar no circuito de Paul Ricard todos já estavam perfeitamente
familiarizados com o SLS AMG. As curvas foram feitas com maior
facilidade. Bastou acertar nas entradas, virar o volante com relativa
gentileza e dosar o acelerador. A traseira nunca ultrapassou a frente.
Claro que, provocando-o, este superesportivo torna-se mais feroz, mas é
fácil de controlá-lo.

O SLS AMG testado no circuito ainda estava equipado com suspensão
esportiva - 1.560 euros, R$ 3.700 -, freios de cerâmica - 11.880 euros,
R$ 27.600 - bancos esportivos AMG – 4.200 euros, R$ 9.800 -, volante
esportivo AMG Performance revestido de couro e Alcântara – 600 euros, R$
1.400 - e extintor de incêndio – 180 euros, R$ 420.

A rapidez com que o SLS AMG se aproximou das curvas foi, de fato,
impressionante. Eficaz progressivo e até permissivo, transmite grande
confiança. A direção é ótima, os freios aguentam tudo e motor é o que
não falta. O diferencial traseiro autoblocante desempenha um papel
crucial para isso.

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COCKTAIL EXPLOSIVO

Motor V8 atmosférico

Com 6208 cm3 de capacidade, tem quatro válvulas por cilindro. É
conhecido internamente como M159. Dispões de novos sistemas de admissão e
escapamento. O mecanismo das válvulas e a árvore de cames também foram
alvo de revisão comparado ao M156 de 525 cv e 64,2 kgfm de torque. Ao
todo, mais de 120 componentes foram redesenhados. Oferece 571 cv a 6.800
rpm e 66,2 kgmf a 4.752 rpm.

Direção direta

De pinhão e cremalheira, dispõe de assistência variável em função de
velocidade. Nas manobras de estacionamento e em cidade se torna mais
leve; sempre que a velocidade aumenta ela se torna mais “pesada”
. A coluna de direção oferece dupla regulagem, efetuada de forma
totalmente elétrica, através de um botão.

Freios potentes

Ventilados e perfurados nas quatro rodas - 390x36 mm na dianteira,
320x36 mm na traseira – asseguram uma superior capacidade de frenagem.
Como opções estão disponíveis por 11.880 euros - R$ 27.600 - freios de
cerâmica – 402x39 mm na frente e 360x32 mm na traseira – 40% mais leves
do que os convencionais, reduzem o peso, melhoram o desempenho dinâmico e
não acusam fadiga. As pinças dianteiras têm seis pistões e as traseiras
quatro.

Caixa AMG speedshift

Dispõe de quatro programas de controle: “Controlled Efficiency”
, “Sport” , “Sport +” e “Manual”
. Tem dupla embreagem e câmbio de sete velocidades. Pode ser operada
pelas borboletas atrás do volante. O eixo de transmissão é feito de
fibra de carbono, sendo semelhante ao utilizado no Classe C do DTM.
Montado na traseira, em bloco com o diferencial - o motor, por estar na
frente, permite a configuração transaxle - oferece através da função
“Race Start” , o launch control.

Pneus largos

Da medida 265/35 R19 na dianteira e 295/30 R20 na traseira, são
responsáveis pela elevada estabilidade do SLS AMG. São três desenhos
disponíveis para as rodas: sete raios; cinco raios duplos; dez raios em
alumínio forjado. Os novíssimos pneus Continental ContiSportContact 5P
que equipam o modelo garantem máxima eficiência.

Suspensão evoluída

Construída integralmente em alumínio, cujo objetivo é reduzir o peso,
recorre ao esquema de triângulos duplos em ambos os eixos. Os
amortecedores são a gás. Como opcional está disponível uma configuração
mais esportiva - 1.560 euros, R$ 3700 -, cujas molas são 10% mais duras e
os amortecedores 30% mais firmes.

Estrutura Space frame

Sendo o peso reduzido um fato determinante para o bom desempenho de um
superesportivo, a Mercedes e a AMG decidiram recorrer a um estrutura
Space Frame no novo “asas de gaivota” . Tanto o chassi
quanto a carroceria – esta pesa somente 241 kg – são em alumínio. No
total, o SLS AMG pesa 1620 kg.

ESP com três modos

São nada menos do que três modos de atuação do ESP: ligado, Sport e
desligado. No modo intermediário, o Sport, este importante dispositivo
eletrônico fica mais permissivo. A presença, de série, de um diferencial
autoblocante de atuação mecânica – multidisco – é outra mais valia
deste superesportivo.

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Bruno Castanheira, do AutoMotor/Portugal
FONTE: Motor Drean




Abraços