Do que é composto o preço de um carro importado?

O aumento da participação de importados no mercado nacional em 2009(15,6% do total de emplacamentos, ou 488,9 mil unidades) além de demonstrar o crescente interesse dos brasileiros por produtos geralmente mais sofisticados, ou Premium, colocou uma antiga discussão de volta à pauta: por que estes veículos chegam por aqui com um preço de tabela até três vezes acima do cobrado em seus locais de origem? A explicação, segundo a Abeiva, entidade que representa 16 montadoras,
entre elas, a Audi, a Porsche e a Volvo, está no número de impostos e taxas cobrados desde o momento do embarque até a chegada do automóvel à concessionária e, posteriormente, à garagem do consumidor. Um carro de 2.000 cm3 de cilindrada, vendido a 20 mil euros na Alemanha (cerca de R$ 51.000), por exemplo, ao entrar no navio já embute 3,66% ao seu preço final, por conta do frete e do seguro. E a lista é extensa, com mais de 15 itens, como demonstra a tabela abaixo:

FOB US$		20.000
FRETE MARÍTIMO	3,50%	700
SEGURO	0,16%	32
CIF		20.732
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (I.I.)	35%	7.256
IPI	25%	6.997
ICMS	12%	4.771
MARINHA MERCANTE (base frete)	25%	175
CUSTO DE DESPACHANTE + TAXAS	fixo	100
ARMAZENAGEM PARA DESEMBARAÇO	0,25%	100
MOVIMENTAÇÃO DE PORTO	fixo	50
OUTROS CUSTOS DE OPERAÇÃO	fixo	100
Total Imposto e taxas		19.549
FRETE PARA ARMAZENAMENTO	fixo	250
PREPARAÇÃO PARA VENDA	fixo	150
FRETE PARA DISTRIBUIÇÃO	fixo	250
Total de Logística		650
MARGEM DO IMPORTADOR	20%	4.000
IPI S/ MARGEM	25%	1.000
ICMS S/ MARGEM	12%	480
ICMS SUBSTITUTO	12%	756
PIS/COFINS MONOFÁSICO	8,26%	2.777
Custo para Comercialização		9.013
Custo Total US$		49.944

Além dos impostos, existe outro componente que acrescenta custo no valor de um carro vindo do exterior, a chamada tropicalização, nome pelo qual é conhecida a adaptação necessária para um automóvel europeu circular por aqui. "Para usar a gasolina nacional (que tem álcool misturado) é necessário trocar (ou no mínimo reprogramar) o módulo de controle de injeção/ignição, e trocar algumas peças, como mangueiras, juntas, bomba de combustível, catalisador, que podem ser atacadas. Já veículos a diesel são mais complicados, pois podem exigir a troca de ainda mais peças, como pistões, por exemplo, para não prejudicar a durabilidade e ficar dentro dos limites nacionais de emissões. Isto porque, apesar de não ter
álcool, a composição e especificações do óleo diesel nacional são diferentes daquelas de outros países", Ronaldo Salvagni, coordenador do Centro de Engenharia Automotiva da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).


E Salvagni cita outras adaptações. "Por causa das condições das ruas e rodovias brasileiras, para um carro europeu circular são necessários também ajustes da suspensão, eventualmente com troca de molas e/ou amortecedores e, mesmo dos pneus, em alguns casos. Isto, é claro, depende da marca, modelo e mercado para o qual o carro foi fabricado. Se for um veículo "off - road", provavelmente não vai
precisar de modificação nenhuma. Se tiver sido fabricado, por exemplo, para a Argentina, México, África ou China, também é pouco provável que precise de ajustes. Já automóveis europeus ocidentais ou americanos, estes com certeza precisarão de alterações".



Exemplos da diferença de preço:

Mercedes SLK 55 AMG

Europa: 38.109 euros (cerca de R$ 97.177)

Brasil: R$ 337.500

[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]

FONTE: AutoShow


Abraços

Matéria interessante França.
Gostaria de acrescentar que no caso da importação de carros com mais de 30 anos, a base de cálculo não é o valor de aquisição, ou da nota fiscal, como no caso dos novos e sim uma tabela de valor baseada em dados da FIPE. Assim, se alguém decidir comprar um carro antigo que esteja barato lá fora, terá que verificar primeiro qual o valor que é atribuído ao veículo antes de trazê-lo, para evitar surpresas bem desagradáveis na hora do desembaraço. Isto porque a base de cálculo não será necessariamente o valor pago no negócio.

José,

Não é bem assim. Eles usam uma tabela conhecida nos EUA, que avalia os carros de forma detalhada, conforme o estado de cada um. O nivel de conservação vai de 1 a 5 e na pratica esse é o valor real que os carros estão no exterior. O americano é muito mais detalhista que nós na avaliação e normalmente carro barato é ruim mesmo. Agora se o cidadão resolver pagar 10 e pegar um recibo de 5, pode quebrar a cara quando entrar no Brasil.

Valeu João.
De qualquer modo, é importante tomar cuidado na hora de desembaraçar o veículo por aqui.
Obrigado.

Muito interessante e triste esse post.

É.. mas me corrijam se eu estiver errado...
Na tabela acima exposta, o carro teve um acrescimo na faixa de 150%, ou seja, de 20.ooo passou a 50.000.
Já no caso da SLK 55 AMG o preço salta de menos de 100.000 p 337.000, ou seja, cerca de 240% acima do seu preço de origem!
Pela tabela exposta, a SLK 55 deveria então custa cerca de 240.000
Não to conseguindo entender, p onde está indo essa diferença!!??

Sid
Acredito que para determinados modelos a margem do importador seja maior do que aquela indicada no exemplo dado. E também as aliquotas de impostos variem de acordo com o valor e potencia do veículo, como já ocorre com os nacionais.
Lembro-me de ter lido em algum lugar que os veículos a serem importados também dependem de algum tipo de homologação aqui no Brasil, o que ajuda as montadoras a serem mais competitivas no custo que os importadores independentes. Isto porém não significa que esta vantagem elas irão repassar para os compradores.
Fazer o que, não é?

Entendo que pode ter taxas e outros custos, no Brasil é assim, qto mais forte o carro, mais impostos!
Como se não bastasse a intensa carga tributária nesse país, com certeza os importadores e concessionárias também ganham e muito em cima de nós, pobres brasileiros...rsrs!

Existe um componente muito importante no preço final que é a garantia. Uma montadora, tem que ou pelo menos deveria, manter um estoque de peças para eventuais reparos e dar a devida garantia ao produto. Isso tem um custo bem elevado, quando se trata de carros com poucas unidades importadas, como os esportivos mais exclusivos.

O importador independente já não tem esse tipo de compromisso e fica restrito ao preço individual de cada carro.

Mais uma vez entendo João, mas não justifica. Até pq sabemos que a maioria das peças que não são de manutenção normal, somente encomendando na concessionária, com espera de uns dias p vir de fora. Recentemente presenciei isso.

A minha revolta é com esse governo extremamente protecionista as montadoras nacionais. Recentemente baixaram mais uma medida, ou seja, vc não pode trazer NADA de peça de automóvel como bagagem, independente do valor. E por aí vai...

Resposta: o preco eh composto por

100% de ganancia
100% de falta de vergonha

Pessoal,

É facil falar sem ter que gerenciar um negocio. O mercado é aberto e ganancia significa perder clientes. Da mesma forma que o mercado está cheio de empresas bem sucedidas por praticarem preços baixos em varios segmentos, se isso fosse possivel, haveria a mesma coisa no ramo de importação de veiculos. Da mesma forma que se ganha dinheiro vendendo esfiha barata como no Habibs, se existisse essa possibilidade no ramo de importados, não tenham duvida que algum empresario o faria.

Alias a Forest Trade, fez alguns anuncios no passado, colocando o valor do carro importado no Brasil, se fosse feito de encomenda para o cliente, inclusive essa empresa foi nomeada importador oficial do Mustang pela Ford. A diferença de valores era significativa, mas entendo que nessa opção, o cliente tem que bancar o carro, ou seja, alem dos impostos,o custo financeiro no Brasil é um dos mais caros do mundo. O Krycek está morando nos EUA e está vendo carro sendo vendido por prestações bem pequenas heheheh.

Resumindo, carro no Brasil, na loja, pronto para ser vendido com o feliz proprietario podendo fazer leasing financiamento e por aí vai
Custo X na loja.
O mesmo carro lá em Miami, aguardando o $$$ do feliz proprietario para poder entrar no navio,
Custo X menos uns 20% colocado no Brasil
Não sei se os valores são esses mesmo, mas era nessa ordem de grandeza.

E para complicar um pouco mais, temos a flutuação do Dolar, que de repente fica louco. Nessa ultima que houve, muita gente se arrebentou, porque os carros saem de um custo do exterior e na hora de nacionalizar, se houver uma Max a coisa pega feio.
Algumas montadoras fecham o cambio do Dolar no mercado futuro por 1 ano e mantem os valores.Na ultima max que exstiu, ficou mais barato comprar uma BMW no Brasil que em Miami, porque os preços aqui permaneceram em Reais. Mercado completamente maluco.

Joao,

Antigamente a Receita publicava no site uma lista de todos os carros importados no mes, eh uma tabela enorme. Eu tenho de 1 mes no meu computador do Rio.

Ja passei os precos que servem de base dos impostos em outro post.

1. O mercado tem uma rede de distribuicao especifica.

Eu nao posso ligar pra Mercedes da Alemanha e faze-los vender o carro diretamente a mim pelo preco de custo a um concessionario.

O que poderia fazer eh comprar o carro de uma concessionaria alema ou americana.

O que ja diminui consideravelmente a margem de economia.

2. Os grande importadores gozam de legitimidade e calculos de "preco de transferencia" na hr dos tributos.

A Mercedes pode dizer que a C200 custa 20mil dolares e pagar todos os tributos (II, IPI, ICMS...) sobre esse valor.

Ja o particular nao pode fazer isso pq n consegue esse preco inicialmente tendo que, necessariamente passar pela rede de concessionarios.

Logo: o preco do carro importado no Brasil, nao eh tao distante do nacional quanto se imagina, o custo adicional da importacao nao eh tao grande se considerado o valor interno para o fabricante.

O caso Azera deixa isso muito claro, nos EUA ele custa o mesmo que um passat 200cv, 25mil dolares, no Brasil eles tavam vendendo um a 65 e outro a 110, conheco consumidores que efetivamente pagaram esses precos, na mesma epoca.

As concorrentes poderiam ir CADE denunciar um pratica desleal, nao o fizeram pq sabem q eh possivel ter lucro e vender o carro com um preco acessivel.

Ou seja, nao compartilho em nada sua visao de equilibrio de custo para revenda independente de importados, pois eles partem de um preco inicial muito maior do que os oficiais, logo nao ha como competir. nao ha mao invisivel do mercado, quando o mercado esta oligopolizado.

O consumidor brasileiro, seja de importado ou nacional eh trucidado, quando vc entra numa concessionaria esta se colocando num moedor de carne!

Existem adicionalmente a toda legislação fiscal algumas regras de mercado que também devem ser consideradas, tais como concorrência, oferta e procura, estratégia do fabricante, modismos etc. variando de país para país, e em se falando em Brasil podemos esperar de tudo, tanto do fisco quanto das empresas envolvidas.

Tem fabricante que paga para entrar no mercado ou aumentar sua participação, exemplo Azera, I30 . Outros estimulam a exclusividade, o poder da marca, a imagem de riqueza, tudo isso associado ao preço. O custo de produção/FOB não varia, variam as margens de lucro em toda cadeia, da fábrica no exterior ao revendedor final aquí, por isso, um Azera custa R$ 45 mil nos Estados Unidos e só R$ 65 mil aquí, e um Mercedes SLK 55 AMG custa R$ 100 mil lá e R$ 340 mil aquí.

Alguém tem alguma outra explicação ?

Krycek,

Voce tem certeza que o i30 e Azzera não estão "criando" mercado no Brasil?

Então veja bem:

Segundo o seu raciocinio a Hyundai está tendo lucro na venda dos carros. Então o que eu falei é correto, se for possível ganhar dinheiro vendendo barato no Brasil este grupo está fazendo isso e se enchendo de dinheiro. Espere um pouco que outros vão fazer.

Se eles estiverem "criando mercado" espere a trombada nos consumidores para os proximos anos, só o tempo para resolver essa dúvida.

Quanto aos independentes, eu não estava falando do custo de aquisição em relação aos fabricantes. O que eu tentei explicar é que grande parte do custo é financeiro. Na MESMA EMPRESA, se voce bancar a importação e esperar o carro chegar, vai economizar uns 20% do valor. A grana é sua e não do importador. Em ambos os casos o preço de aquisição é o mesmo, ou seja, consumidor em Miami.