Mille Miglia 1955 & Mercedes-Benz 300SLR

Esse artigo tem algo recente - no mês maio deste ano, estava hospedado no Hotel Chesterfield, em Mayfair, Londres. Lembrei que meu amigo Edu Prado havia me enviado um filminho da internet, mostrando a casa do Stirling Moss, que justamente era em Mayfair. Levantei um dia e lembrei deste filme. Foi um passo para procurar o endereço. Fui ao catálogo telefônico - nada. Ai partir para busca corpo-a-corpo. Procurei em dois restaurantes do bairro e... nada. Dai partir para a vendinha de frutas. Bingo! Consegui o endereço (sem precisar do auxilio do MI5). Estava apenas a um quarteirão e meio da residência. Toquei a campainha (já treinando o que eu ia falar). Atende a porta uma senhora, de estatura baixa - pergunto se o Sir Stirling Moss (OBE) estava? Infelizmente a resposta foi negativa - ele estava treinando para as provas do Silverstone Classic. Expliquei da onde vinha e ela me convida para entrar (que risco). Ela é a atual mulher (terceira, diga-se de passagem), do Moss: Lady Susie Honoured (DBE).


Ele comprou essa casa em 1954 por € 12.000 (quando tinha 24 anos) e depois comprou a casa do lado em 1962 (com o dinheiro do seguro do acidente em Goodwood no mesmo ano, acidente esse, que o tirou das pistas – são duas casas na verdade com duas garagens – 6 pavimentos ao todo - 3 de cada lado). Diz ela que ele gastou entre € 25 mil a € 30 mil nas reformas (tem várias adaptações, mas ainda são duas casas juntas - tem um elevador que gordo, como eu, não entra). Ele mora com 2 filhos e 3 netos. A casa é decorada com uma memorabilia incrível – e sofás de péssimo gosto. Ele quer morar de vez nos EUA, na Flórida, numa casa de 2.300 sq-Ft em Deerfield Beach, ao norte de Fort Lauderdale, que já está quase pronta. Tem 78 anos (faz este ano 79) - por isso vai colocar a casa ou para alugar ou para vender (£ 3 milhões). Cobra por tudo – para tirar uma foto ao lado dele €50,00!!! Tem um mini -shopping na sua casa, onde vende livros (onde ele é o astro), fotos (dele), pinturas (tendo como tema os carros que ele pilotou), posters (idem) e lanterna (?!) – além de uma réplica de uma máquina para ver o livro de bordo na Mercedes-Benz de numero 722 (aliás, adquiri lá, um modelo de metal de tal bólido - e isso me levou a escrever sobre a Mille Miglia de 1955, onde ele ganha do Fangio nesta Mercedes 300SLR) – ele tem uma coleção de todos os carrinhos que ele pilotou, e vende alguns modelos famosos por ele pilotados. Não tem mais nenhum carro que pilotou (o último que tinha era um Jaguar C-Type, que vendeu em leilão em 2004). Sua mulher me pergunta: quer ver o carro dele? Eu respondo que sim e espero ver um carro inglês!!!
Ele anda numa Maserati prata – de 2003 – mas prefere andar de ônibus em Londres ou de metrô!!!


PS: Questionei se eles viriam ao Brasil se convidados? A resposta foi positiva e acompanhada de valores... Mas ela observa: O meu marido é um astro, mas vocês tem 3 astros (Emerson, Piquet e Ayrton), pois, foram campeões mundiais de F1 e o Moss, nunca foi! Ai a ficha caiu - Sir Stirling Crawford Moss, nascido em Londres em 17/12/29, competiu na época de ouro da F1, mas nunca foi campeão (foi 4 vezes vice de 55 a 5[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] - venceu 194 das 497 corridas que fez, entre 1948 a 1962 (16 GPs de F1) - aposentou-se depois de um acidente a bordo de uma Lotus em 62, na pista de Goodwood.


Assim, como noticiado acima, comprei um modelo de metal da Mercedes-Benz 300 SLR, com ele e o barbudo do Jenkinson, devidamente assinada - foi um carro incrível, que arrebentou com os italianos em 55, na mítica corrida da Mille Miglia, deixando o Fangio, que estava sozinho numa outra MB. Além disso, foi batido o recorde. Vamos aos fatos históricos.


O Stirling Moss teve um navegador de primeira, nesse evento - o motor race journalist Denis Jenkinson. Eles levaram nada mais, nada menos do que 10 horas, 7 minutos e 48 segundos, batendo o recorde de velocidade média - 97.96 mph (159,65 kmh). Antes de depois da Segunda Guerra, o domínio dos carros italianos era indiscutível. Em 52 a Mercedes já inscrevera sua 300SL Gullwing, chegando em segundo com Karl Kling e Hans Klenk (ganha a montadora alemã, com esse carro, a Carrera Panamericana). Pilotos não italianos já ganhavam naquela rota, como Juan Manuel Fangio, Peter Collins e Wolfgang von Trips, but... em 55 a história estava para a dupla inglesa e para outros não italianos. A Mercedes 300SLR era baseada no carro da F1 (chassis W196), diferente das SL. Fangio pilotava sozinho a MB #658 (seu co-piloto morreu na Argentina pouco antes da prova - dizem que ele chegou a procurar o Chico Landi para ir com ele, mas esse não aceitou porque gostava de monoposto?!), e o Karl Kling, também, pilotou sozinho a MB, com o #701. O Jenkinson fez uma maquininha com todas as anotações de navegação (eram dois rolinhos com as informações). A MB # 704 era ocupado pela dupla Hans Herrmann e Hermann Eger (chamado pela dupla inglesa de "HH"). A Mille Miglia de 53 a 57 foi, também, uma prova do WSCC (World Sports Car Championship).