O que Significa Esse Emblema?

Flávio, como você sabe, fui criado entre Mercedes. O mais antigo que me lembro era um modelo 300S, fabricado em 1951, de propriedade do meu pai. Ele tinha licença do Distrito Federal (ainda Rio), de número 12-28-51.
Na mesma época, o meu avô paterno possuia um 300S, de 1952, do raro modelo Adenauer (um precursor das limusines).
Eu me lembro de todos os detalhes dos carros Mercedes que passaram pelas mãos da minha família. No correr dos anos os Mercedes foram sendo trocados, até que quando eu tinha meus 16 anos aprendi a dirigir e já levava os carros para fazer revisões na Mecânica AGO. Ainda não tinha carteira de motorista, mas em 1963 isto não era importante. Naquela época a famosa AGO era um empresa pequena, onde só trabalhavam bons mecânicos alemães! Sei que no Rio de hoje em dia, poucos querem ter Mercedes, pois é um carro que atrai a atenção... Nos últimos anos de vida, o velho Hans Stern (dono da H. Stern, falecido em 2007), vizinho de tantos anos, havia trocado o seu Mercedes por um Volkswagen bem usado, pois temia ser sequestrado.

Mas voltando aos Mercedes, registro que você tem razão. Existem muitos Mercedes bem conservados, guardados em garagens do Rio e cercanias.
Até 2007 eu sabia de um que estava estacionado aqui numa garagem da Rua Visconde de Pirajá, onde moramos. Era um Mercedes 450 SL 1980. Era bege, com estofamento em couro cor vinho. Além disso, tinha um detalhe sensacional! O volante era do lado direito. Tal carro foi comprado em Moçambique por um amigo de infância (Edécio Galgariny de Veras Melo) que era vice-cônsul do Brasil no país citado. Quando o Edécio estava para retornar ao Brasil, mandou embarcar o Mercedes em um navio, com destino ao Rio de Janeiro. No meio da viagem o regulamento que permitia que o pessoal do corpo diplomático - lotado em determinados países - trouxesse veículos do exterior, foi alterado. Assim, quando o Mercedes foi desembarcado no Rio, foi apreendido pela Receita Federal. Para resumir os fatos, informo que durante uns 8 anos cuidei do carro, (lá em um armazém do cais do Porto do Rio), enquanto o Edécio era transferido para vários países. Para tanto o amigo Edécio teve que me nomear seu (dele) procurador... A cada 6 meses levava um mecânico para fazer uma revisão no motor, quando era colocada uma bateria para dar a partida. Mas o Mercedes jamais deixou de ligar, mesmo após muitos meses sem ser ligado.
Destaco que desde o início o Mercedes foi colocado sobre cavaletes e coberto com uma capa plástica. Um belo dia a demanda judicial movida pelo Edécio terminou e o Mercedes foi liberado. Na época o Edécio estava servindo no Chile e quando pode vir ao Rio já encontrou o Mercedes em uma oficina, onde havia sido todo revisto, lavado, esfregado e lubrificado.
Estava novinho e já emplacado com licença emitida pelo Detran/Rio.
Ah! Os pneus tiveram que ser trocados, pois estavam ovalados. Saimos da oficina rodando com o Mercedes e ele foi colocado na garagem do prédio onde o Edécio residia, aqui em Ipanema. De lá nunca mais saiu...
Ocorre que o amigo já estava doente (um problema mental) e foi afastado do serviço diplomático. Ainda consegui convencer o amigo a voltar a colocar o carro sobre cavaletes e a cobrir o mesmo. Em 2007 o Edécio veio a falecer, após longo período internado. Soube que as herdeiras (duas filhas) venderam o Mercedes para um comerciante de São Paulo que retirou o carro da garagem do prédio usando um reboque... Era um carro maravilhoso, pois tinha cerca de 20.000 Km rodados.